3° Nitroglicerina – Bueiro do Rock

Show

A noite de sábado foi reservada para conferir a Edição 3 do Nitroglicerina, que contou com as bandas Miséria HC, Cianeto HC, Pisa, Káfila e o TEST (SP).

O show começou com o Miséria HC, que trouxe um punk oitentista, marcado por letras de protesto contra as mazelas sociais, atacando principalmente o tal sistema, que ninguém vê, só sente dele a pancada. A banda tem no vocal a importante figura do Eduardo Djow, que é um dos guerreiros do punk/Hardcore piauiense.

Logo em seguida a Cianeto subiu no palco. E amigos, que show. Showzaço! Eles trouxeram a força, o peso e a velocidade que marca a nova fase da banda. Desde o ótimo Sociedade das Marionetes (2019) até o atual trabalho, o recém lançado Onde os Fracos não tem Vez(2022), a Cianeto repaginou seu som, trazendo riffs mais velozes, com a cozinha mais furiosa e veloz. O show passeou pelos dois discos, afastando-se musicalmente da primeira fase da banda, que também era muito boa. Heitor comandou a cerimônia com maestria, trazendo na inteligência com a qual constrói suas letras a denuncia contra o Fascismo que se alastra na nossa sociedade.

O Pisa é sediado em Jaicós, embora tenha o Alex (baixo) morando em Teresina. O Nando (bateria/vocal) é outro daqueles batalhadores que leva o peso do som na garra aos lugares mais longínquos. Jaicós fica no o extremo leste piauiense. Mais perto do Ceará e de Pernambuco, no sertão piauiense, tem uma cena ativa e, vez por outra, tão organizando os picos por lá, também na rota das turnês que passam por aqui. O show do PISA foi muito bom. A banda fez seu som naquela fronteira entre o crossover e o grindecore, com bateria a mais de 200bpm, vocal agressivo e o Alex se desdobrando pra dar a musicalidade tocando o baixo. Embora haja muitas bandas que adotem esse modelo, o PISA se diferencia por deixar as melodias pra o vocal. O baixo é elemento igualmente agressivo, dando mais peso à bateria.

Pisa e Cianeto

O penúltimo show da noite foi o do Káfila. E como a clássica banda do cenário piauiense vem, como vinho, melhorando a cada apresentação. São 28 anos de estrada, dois discos, vários singles e o ótimo EP Necropolítica que está sendo trabalhado nesse momento. A banda passeou por seu repertório nessa apresentação, tocou o Necropolitica na íntegra, contando com todas as participações no disco e fez um show com a sonoridade bem pesada. Dividem, pra mim, o bastião do Hardcore piauiense com o Obtus. Afinal, muitos do que hoje estão presentes nos circlepits sequer eram nascidos quando o Káfila já promovia os seus, seja no Bueiro, no Elis Regina ou no Teatro do Boi.

Káfila

A galera do TEST subiu no palco iniciando a perna final da Leite de Pedra Tour, que está passando pelas 9 capitais do nordeste e cidades do interior, e também por Belém, Boa Vista e Manaus, no Norte. O duo, formado por João Kombi (vocal e guitarra) e Barata (bateria), em sua terceira passagem por Teresina capturou o público presente num clima completo de catarse. Todos os olhos voltados para o palco tentavam acompanhar as baquetas ultra velozes do Barata. Os ouvidos, atentos para os riffs e guturais do João Kombi. Ninguém soube precisar a duração em tempo do show. Todos estavam imersos na experiência do show, que foi massa demais. “Grindcore Psicodélico”, “Um verdadeiro concerto” e “Pink Floyd da Desgraça” foram algumas das expressões que ouvi após o show na tentativa de definir aquela experiência. Em certa medida, todas estavam certas e convergiam, como num diagrama de Venn, numa intersecção. Foi um showzaço. Foda, muito foda!

Test

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