Saindo do forno o terceiro disco do projeto musical do multi instrumentista, compositor, programador e produtor paraibano Marcello Soares Jr chamado Precog Zero, que é a sua incursão e confirmação no modernoso gênero da synthwave, uma visão do futuro revendo o passado. É a retroalimentação artística que a música contemporânea pop possibilita.
No seu cabedal de conhecimento o experiente compositor reafirma e concretiza nesse novo EP com seis faixas, ao seu gosto, uma paleta sonora construída em batidas eletrônicas, programações e timbragens vintage influenciadas dos anos 80, métrica de trilha sonora futurista para filmes, com pontuados riffs de guitarras e pitadas de experimentações avant garde. Sonoridade que serve tanto para o movimento do corpo como para viagens reflexões da mente. Indagado sobre eventual aspecto nostálgico no direcionamento artístico do álbum, Marcello revela: “O clima remete a alguns filmes antigos e clássicos de horror dos anos 60/70 que conheci no antigo “Corujão” dos anos 80 (sessão de filmes na TV durante a madrugada) e revisitei nesses tempos de cinema de algoritmo. As trilhas sonoras, principalmente na segunda metade dos anos 70 são encantadoras com seus sintetizadores e linguagem minimalista – vide a música de John Carpenter e Gobblin.”
Esse seu novo trabalho vinha sendo maturado desde o seu projeto anterior Ofmaers, com o qual lançou dois álbuns com direcionamento numa tendência mais “progressista” em breve resumo, como ele explica: “Esse trabalho é o mais amadurecido dos três álbuns; o Ofmaers foi uma oficina para chegar ao Precog”.
Não há dúvidas que seja o seu disco mais bem produzido e com estiloso acabamento. Provocado sobre se poderia ser classificado como uma obra conceitual, o compositor refuta timidamente a ideia e conclui: “Talvez não. Apesar de todos os trabalhos do Precog terem um conceito por trás, não chego a contar uma narrativa. A ideia aqui eu tirei dos antigos trailers do tempo do VHS (vídeo home system) e esses fazem você imaginar o filme de forma muito mais ampla que a linguagem atual. Então, o objetivo é para cada ouvinte conceber sua narrativa ou simplesmente ouvir correndo ou dançando”.
Destacamos em particular as faixas “Under the Sign of Häxen” que abre o play com uma levada retrô num mix de trilha sonora de cinema e videogames; a faixa-título que remete aos hits acelerados do clássico grupo italiano Automat e “Evil Creeps in the Dark” cuja timbragem e parte do andamento slow lembra o veterano músico grego Vangelis.
Portanto o convite está feito para essa descoberta e comprovação do bom som, da qual damos em conta uma super-recomendação com audição dedicada!