“Rescue” é o primeiro álbum de estúdio do Shaman após a partida de André Matos

Música

O álbum já é quase um idoso nas plataformas digitais. Afinal, já são quase quatro meses disponível nas plataformas. Mas não poderia deixar passar a chance de escrever essa resenha, mesmo que de forma tardia. O RESCUE é o primeiro álbum de estúdio do Shaman após o falecimento de André Matos, com Alírio Neto (Khallice, Age of Artemis) como substituto. Com Luís Mariutti (Baixo), Hugo Mariutti (Guitarra), Ricardo Confessori (Bateria) e Fábio Ribeiro (Teclados), que resgatam a essência do Shaman.

foto: Divulgação

O disco começa com a canção Tribute, que é uma introdução bastante familiar a vários discos de metal, com maestria instrumental e trazendo aquele clima para as faixas cantadas do álbum.

Time is Running Out vem com Alírio Neto chegando com tudo, mostrando o talento vocal que o colocou no Queen Stravaganza. As baterias com a cadência conhecida do Confessori, linhas de baixo maravilhosas, as guitarras peculiares do Hugo e com direito até a um solinho de teclado no meio da música. Tudo isso aliado a uma letra poderosíssima

\”Wake to see that we\’ve got lost is here
Just war and misery we have a new messiah
Nothing breaks more than an empty soul
It\’s harder to control when nothing comes to you\” (…)

\”Life is overrated throw your mask away
And share the lies you hear like you believe that
Sell his quotes to those who dared to be
As blind as you can be so the now world rises\” .

Talvez seja otimismo meu, mas falar de mentiras, jogar a máscara fora, almas vazias e um “Novo Messias”, talvez seja um recado daqueles bem dados, especialmente nesse momento onde voltamos à realidade num mundo nem tão pós -pandêmico assim.

The I Inside vem com uma mistura musical que carrega elementos que fazer uma mescla do peso da banda no álbum Reason e os elementos orientais, com um derbak muito bem colocado que lembra Over Your Head do álbum Ritual. E uma letra falando das nossas questões interiores, do quão o ser humano pode ser uma bomba prestes a explodir e como lidamos com isso.

Don’t Let It Rain é uma balada que, embora carregue enorme peso no instrumental, consegue deixar a ambiência preparada pra falar de um amor que chega ao fim.

Where Are You Now surge quase como uma canção-tributo a André Matos. São muitos questionamentos feitos a um ser que não se encontra mais entre nós. É uma música emocionante, principalmente para os fãs de André Matos. É belíssima e muito bem cantada pelo Alírio, que conseguiu transmitir a emoção da composição e da dor carregada nela.

Foto: divulgação

The Spirit é uma música que talvez traga mais elementos dos dois primeiros discos do Shaman, com solos de teclado e guitarra intercalados e uma explícita autorreferência da banda, como se conversasse com seu Xamã e dissesse a ele que o Shaman segue.

Gone Too Soon é a música mais emocionante do disco, especialmente para os fãs de André Matos. Alírio, Confessori e os irmãos Mariutti, de um modo maravilhoso e muito inteligente, traçam as reminiscências da carreira de André, numa música belíssima e triste. É um tributo, em tom menor, e com referências explícitas a vários sucessos de André como Carry On, Reason, Innocence e Fairy Tale. É emocionante.

The Boundaries of Heaven carrega consigo a forma única e diferente do Shaman de fazer Power metal, de modo mais cadenciado e o modo único que Hugo Mariutti tem na construção dos seus solos. E a música casa com a letra. Afinal, é a reafirmação de que os amigos que fundaram a banda seguem, mesmo com dor, e com a ajuda de outro amigo a seguir em frente com os seus sonhos.

Brand New Me já era conhecida antes do lançamento do disco. Fora lançada como single três dias antes do Brasil entrar num lockdown total. A faixa tem muitos elementos presentes no Ritual, com temática que remete as tradições ancestrais da floresta.

What If? é uma ótima combinação de riffs de guitarra aliados a riffs de piano, com a cozinha afiada e cadenciada. Um ótimo trabalho quando a cozinha toma de conta da música pra o solo de guitarra.

The Final Rescue segue a linha de música instrumental, com um ótimo trabalho de Marcus Vianna no violino com o piano, trazendo a ambientação presente, principalmente no Ritualive, considerado até hoje como o melhor DVD nacional do gênero. The Final Rescue abre para Resilience, que é a última música do disco. Resilience trás apenas violão, piano e violinos e fala desse sentimento, da resiliência. Fala daqueles que ficaram após sentir a dor da perda de um colega de trabalho , de um membro da banda e de um amigo.

\”I am more than just my scars, without a doubt
I\’m stronger now
Like the Moon agains the night
Another fight, another lifeI am more than just my scars, without a doubt
I\’m stronger now
Like the Moon agains the night
Another fight, another life\”

O disco foi produzido por Sascha Paeth, que trabalhou com bandas conhecidíssimas do Power metal mundial como Angra, Rhapsody, Kamelot, After Forever, Avantasia, Epica e o próprio Shaman. Fez uma dupla com André no ótimo Virgo, lançado em 2001. A escolha foi meticulosa. Os membros do Shaman buscaram e conseguiram com maestria captar a essência sonora de André Matos. O disco é um tributo. RESCUE homenageia o André, resgata o Shaman e se torna uma das pérolas do Metal Nacional.

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