Lulapalooza ou Festival do Futuro: a verdadeira festa da democracia

Música

O ano do brasileiro começou em Brasília. Pelo menos daqueles que não estão em grupos absurdos no telegram ou se retirando tardiamente da frente dos quarteis.

01 de janeiro de 2023 ficou marcado na história como o dia que a gente cantou e dançou pra se libertar de quatro anos de violências diárias perpetradas por um grupo de pessoas completamente incapazes de governar.

Quando lembro de 2019 fica ainda mais evidente a diferença entre uma cerimônia e outra. A ideia da primeira dama, Janja Silva, era reunir o maior número de artistas dispostos a participar desse momento dando sua contribuição numa espécie de canja coletiva. Até rimou com Janja, hahaha.

A programação cresceu bastante como dá pra ver e ficou meio inviável assistir a todos os shows. Primeiro porque a Esplanada dos Ministérios é gigantesca. Passar o dia todo de lá pra cá é bastante cansativo. Segundo porque fez um sol pra teresinense nenhum botar defeito. Tipo 40 graus sem sombra. E não estou reclamando não, pois foi isso que pedi a São Pedro. Um dia lindo sem nuvens, digno da grandeza do momento. Preparei meu filtro solar e peguei o boné do meu amigo e fui. Porém, ainda tinha mais variável nessa equação que só descobri chegando lá.

A feira gastronômica anunciada na divulgação era minúscula. Filas de duas horas pra comprar um lanche e na hora de pagar a maquininha de cartão não conectava. Motivo: qualquer sinal de internet é bloqueado naquele local por questões de segurança. Ainda pensei em sacar dinheiro, mas a ansiedade era tão grande que acabei esquecendo. Esqueci inclusive a carteira em casa e fui bancada pelo meu outro amigo. Sério, eu tenho os melhores.

Infelizmente não tínhamos muita possibilidade de compra. A água acabou, a cerveja acabou e o evento ainda não estava nem na metade. A única coisa estrutural em abundância eram os banheiros. Disso não dá pra reclamar. Resolvemos então voltar em casa pra descansar um pouco e pegar suprimentos. Mas, antes acompanhamos o início da apresentação do Juliano Madeirada, com o hit “Tá na hora do Jair já ir embora”. Uma explosão de felicidade entre os presentes.

A decisão de dar um intervalo foi ótima pra nossa integridade física, mas infelizmente fez com que perdêssemos dezenas de apresentações. Não vi nada dos shows “Futuro Ancestral” e “Outra Vez Cantar”. Chegamos no finalzinho do “Amanhã Vai Ser Outro Dia” com participações de Leoni, Fernanda Abreu, Teresa Cristina, Jards Macalé, Paula Lima, Renegado, Zélia Duncan, Martinho da Vila e Maria Rita. Tudo num clima delicioso de churrasco no quintal do Lula.

Depois disso vieram os blocos de shows inteiros. O primeiro, BaianaSystem convida Margareth Menezes, estava previsto pra começar 22h50, mas atrasou muito! A energia acabou, os geradores não suportaram e esse foi início dos problemas técnicos que se repetiram ao longo da noite. A felicidade era tanta que a gente até releva. Não sem reclamar bastante, é claro. Isso até a banda subir ao palco. Porque, não sei vocês, mas eu perco totalmente o controle logo os acordes de “Fogo” começam a ecoar pra anunciar que está começando mais uma lavação das nossas almas.

visão do palco momentos antes do show “BaianaSystem convida Margareth Menezes”

E não é porque estava descontrolada, no bom sentido, que deixei de perceber a grandeza do espetáculo diante de meus olhos e ouvidos. O show do Baiana é muito rico sonora e visualmente. Muita projeção de luz, utilizando todos os espaços, do palco ao Congresso Nacional, combinado com muita energia dos músicos que são verdadeiros maestros de seu público. Todo mundo pulando e cantando demais. Meus joelhos nem sentiram o impacto. Nem minha lesão inchou no dia seguinte. Hahaha. Uma benção.

Destaco dois pontos altos. A minha música preferida do momento “Lucro (Descomprimindo)” – do álbum ‘Duas Cidades (2016)’ que foi prejudicada pela pane de som no início, mas depois cumpriu seu papel de levantar até defunto como eu costumo dizer. Energia surreal! Já o segundo melhor momento sem dúvida foi a entrada de Margareth Menezes, antecipando gentilmente o carnaval que não vou poder pular em Salvador (quem sabe ano que vem, hein). Incrível!

O Show “Gaby Amarantos convida” foi o mais prejudicado com os problemas técnicos de som. Mas, a cantora continuou levando o show na raça e com muito profissionalismo. Entregou tudo com perfomances inspiradas, troca de figurinos e participações belíssimas de Kaê Guajajara e Jaloo. Não consegui fazer imagens, pois nesse momento nem São Pedro se segurou mais e mandou uma chuvinha que me obrigou a procurar abrigo longe demais do palco.

Voltei pra ver Duda Beat já sem chuvisco, mas com uma sequência já aguardada de hits como “Chega”, “Nem um Pouquinho”, “Meu Piseiro” e “Bichinho” pra alegria e desbunde geral. Teve muita gente dividindo o palco com a diva pernambucana. Destaco Luedji “sempre maravilhosa” Luna e Doralyce – uma novidade pra mim, mas que chegou dominando o palco, deixando sua mensagem sobre padrões de beleza.

Beleza mesmo a gente viu no céu daquela noite com um show de drones coloridos enquanto a Duda cantava. Inesquecível em muitos níveis. Vou deixar o vídeo aqui também caso queiram entender um pouco do que foi.

Quando chegou a vez da Pabllo Vittar minha alma já tinha saído do corpo de tanto cansaço, porém me lembrei de todas as vezes que prometi pra mim mesma que veria o show dela na posse de Lula e não me arrependi. Showzão! Também marcado por algumas falhas – até playback errado rolou – que não atrapalharam de forma alguma a experiência. Os convidados tiveram bastante destaque também, principalmente a Urias que cantou três músicas de seu próprio repertório, além do duo com a dona do show.

Nessa hora fiquei confusa com a ordem da programação e errei de palco. Não deu pra fazer vídeos por causa da distância. A câmera do meu A31 não pega bem imagem de telão, sobretudo a noite. Mas, já dá pra imaginar como foi maravilhoso curtir ao vivo as músicas, as coreografias e a Pabllo entregando gritinhos e discurso pró-Lula. Foi tudo, viado!

E antes que o festival terminasse mudamos de ideia de novo e resolvemos esperar amanhecer o dia ao som de Valesca Popozuda. Puxei uma cadeira e ouvi a carioca trazer o funk de baile pra Brasília. Não tinha mais pernas pra dançar, mas cantei junto “Beijinho no Ombro” e “Eu sou a diva que você quer copiar”. Teve até o “Funk do Lula” que eu gostaria muito de ter visto uma apresentação com a presença do nosso presidente, mas aquela hora da madruga o Lulinha já estava dormindo o sono dos justos com toda a certeza.

Descansando as pernas. Foto: Susy Oliveira
Valesca Popozuda. Foto: Susy Oliveira.

Acho que já escrevi demais. Desculpem a falação, se ainda estão lendo a essa altura do texto. Foi uma experiência muito marcante pra deixar apenas na memória ou nos posts das redes sociais. Não vai ter repetição da posse em 2024, kkkk, mas bem que poderia ter uma segunda edição do Festival do Futuro. Seria a oportunidade para corrigir os erros e quem sabe trazer mais gente que ficou faltando nessa festa. Você iria?

2 thoughts on “Lulapalooza ou Festival do Futuro: a verdadeira festa da democracia

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *