Em novo livro de contos, Alexandre Gil França aborda a construção de afetos entre personagens invisíveis socialmente

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Em “Terebentina”, obra lançada pela editora Urutau, escritor curitibano explora o impacto da invisibilidade a partir de uma escrita densa e experimental

Destacando-se por sua escrita experimental e híbrida, “Terebentina” (156 pág., editora Urutau) é o novo livro de contos do escritor curitibano Alexandre Gil França (@alexandregfranca). Trazendo a ótica de personagens socialmente invisibilizados, especialmente artistas pequenos ou de pouco reconhecimento, o autor explora suas narrativas, angústias e, principalmente, seus afetos. A obra tem orelha assinada pelo prestigiado poeta, tradutor e ensaísta Guilherme Gontijo Flores, vencedor do Prêmio APCA em 2018, e está à venda no site da editora.

Para o autor, as temáticas densas que ambientam as narrativas partem de um processo investigativo. “Penso que a descoberta do amor por pessoas invisíveis e desprezadas socialmente se configura como um território profundo de descobertas humanas. Minha intenção com o livro foi investigar justamente como o afeto pode circular por esses meios”, aponta.

Os doze contos que integram a obra são protagonizados por essas subjetividades particulares, como, por exemplo, um dançarino de Tiktok, uma cantora de boteco ou um ator de comerciais. Tratando-se também de histórias que evocam pequenos e anônimos artistas, que ainda se veem distantes do mainstream, as temáticas do apagamento e da invisibilidade em “Terebentina” são atravessadas pela dicotomia do sucesso e do fracasso. Nas histórias, esses conflitos impactam e são impactados pelas relações afetivas construídas pelos personagens. 

A estrutura de “Terebentina” também remete a questão do artista e de sua exposição, enfatizando o apuro formal de Gil França, já que o livro é estruturado como se fosse uma exposição artística. “Tem a abertura, o hall de entrada, o primeiro andar, onde são distribuídos alguns personagens, que seriam as obras. E esses personagens são indivíduos comuns e invisíveis que, na minha opinião, têm ali a maior concentração de humanidade possível. Acho que ‘Terebentina’ vasculha justamente esses espaços e tenta dar carne e nervos para essas pessoas comuns”. 

A escolha do título também foi motivada pela estrutura e pela temática da obra. O termo “Terebentina”, que é tanto o nome dado ao solvente utilizado na limpeza de pincéis quanto um apelido para cachaça, consegue dar conta da complexidade das temáticas retratadas no livro, como o apagamento, o afeto, a embriaguez e o mundo artístico.

Escrever até onde o fôlego aguentar: a escrita múltipla de Gil França

Gil França cita, como referências em “Terebentina”, nomes importantes da história da literatura, como James Joyce, Jorge Luis Borges, o filósofo Gilles Deleuze, além dos cineastas Charlie Kaufman e Eduardo Coutinho.

Gil França define sua escrita como múltipla, que empresta recursos de diversos gêneros para construir um cenário singular de leitura.  Segundo ele, “a ideia é sempre dar a melhor possibilidade de imaginação e participação para o leitor.” Em relação ao seu processo criativo, ele afirma que escreve “até onde o fôlego aguentar” e que entende a ação da escrita como um ato de recolhimento. “Preciso estar sozinho para a coisa fluir bem”, conta. “Para contos, a meta é sempre ir até a página quinze, mais ou menos. Depois, vou cortando o que considero gordura.”

Divulgação

Nascido em Curitiba (PR), em 1982, Alexandre Gil França já trabalhou com música, poesia e teatro. É mestre em Artes Cênicas pela USP e doutorando em Teoria e História Literária pela Unicamp. Estreou na literatura em 2015, com o romance “Arquitetura do Mofo” (Selo Encrenca/ Arte e Letra).  Atualmente, é editor da Mathilda Revista Literária, ao lado da poeta Iamni.  Também trabalha em um novo livro de contos e promete uma nova peça de teatro para 2024.

Adquira “Terebentina” no site da editora Urutau: https://editoraurutau.com/titulo/terebentina  

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