O Cajuzera surgiu em meados de 2018 com o objetivo e incentivar, fomentar e movimentar a cena independente de música autoral do interior do Piauí, mais especificamente Floriano e região, tendo como principal projeto a realização do festival de música em edição anual, já tendo realizado 4 edições.
Neste 5ª edição, o Cajuzera Festival reuniu a experiência adquirida nas edições anteriores e proporcionou ao público e artistas um excelente festival.
Com uma boa estrutura e um local excelente para o tamanho do festival, a organização se destacava logo de cara. Proporcionando toda uma experiência desde a entrada até o início dos shows. E que shows incríveis.
O DJ Tribox já animava o público com um bom set antes do início dos shows, e também nos intervalos entres as bandas. Não deixava ninguém ficar parado.
O Augusto deu início os trabalhos no palco. O artista faz um trabalho solo, e contou com baixo e bateria na sua apresentação, além do mesmo no violão e voz. Augusto faz um folk meio pop com uma energia rocker. Destaque para a música “Sentimental”, que foi gravada no disco Manual de um Sonho Bom da banda Nós e Chico. Mas aqui ela ganhou uma versão mais crua e enérgica.
Na sequência o power trio Resíduos Orgânicos trouxe o bom e velho punk ao palco do Cajuzera. Um punk com uma pitada experimental, lembrando em certos momentos Gang of Four. A timidez no palco era quebrada pela atitude no som. A guitarra podia ter um pouquinho mais de volume, mas nada que comprometesse a apresentação.
Já era quase 20h quando a Cinéttica tocou os primeiros acordes de Smells Like Teen Spirit, e fez muita gente correr para a frente do palco. Era só o início. O que de fato fez o público cantar foram as músicas da própria banda. Músicas como “O Pior Risco” e “Quem Vai Fazer por Mim?”, que fizeram o público cantar a plenos pulmões os refrões.
A banda se apresentou como um trio, e a segunda guitarra fez falta. Uma versão de Enter Sandman fechou o show para delírio geral.
A próxima banda a subir ao palco do Cajuzera foi a Nós e Chico. Conheço a banda desde os primeiros singles “Canção de Amor” e “Sizígia”, e sempre quis ver um show, mas nas oportunidades que tive de ver ao vivo, não deu certo. Eis o dia.
A banda toda de vermelho, além de fazer menção ao seu novo single “Par”, deixou clara sua posição entre a democracia e barbárie. O Manual de um Sonho Bom foi a base do show. O público meio tímido, no início, começou a cantar junto praticamente todas as músicas. Que banda carismática! Tivemos um desfile de hits: “Lar”, “Morena”, “Não Sei Ganhar, Torquato”. O público cantando e batendo palma em “Par” foi sensacional. Para fechar o show, “Canção de Amor” foi dedicada pelo Jonatha a sua amada.
Guitarra do Elmar ficou um pouco baixa e não destacou bem os seus solos. Fora isso, showzaço! E a banda definitivamente não precisa dos covers que tocou para fazer um belo show, acho até que na hora dos mesmos deu uma caída, afinal, o público estava ali pra ver a Nós e Chico e suas músicas.
Um problema na guitarra da Alambic fez o show demorar um pouquinho para começar. Mas valeu a pena a espera, sem dúvida alguma um dos melhores shows da noite. Que banda incrível. A banda faz uma mistura de hardcore com forró, punk e música regional, com rap e letras muito boas e politizadas.
Parece que jogaram num liquidificador Nação Zumbi, Raimundos, Obtus, Planet Hemp, Narguilé Hidromecânico e jogaram uma tonelada de atitude. Destaque para o ótimo guitarrista, que apesar dos problemas técnicos mostrou uma qualidade absurda, tirando até um Scratch na música “Bala Perdida”. Além de guitarra, a banda conta com um baixista e batera super entrosados, um backing vocal que também toca triângulo, e dá um toque todo especial, e um vocalista de voz rouca e muito singular.
A banda fechou a apresentação com uma versão arrasa quarteirão de “Saudade de Rosa” do gênio Bartô Galeno. Simplesmente sensacional. Rolou até um mosh. Soube que a banda existe desde 2009. Espero que não parem e gravem com urgência suas músicas (não encontrei em nenhum lugar).
Já passava das 23h quando a Bloodfire transformou o Cajuzera numa festa do Heavy Metal. Finalmente as guitarras estavam na cara. Claramente o som das guitarras deu um up incrível. Som definido, pesado e barulhento. Certamente agradou aos fãs do estilo presente ao Festival.
Infelizmente, devido ao avançar da hora e dos pequenos atrasos, não pude ficar para ver o retorno do Breca e nem a apresentação da Scream In Silence.
Parabéns a todos os envolvidos na realização do Cazuera Festival. Sabemos como é difícil realizar eventos culturais deste porte, ainda mais em cidades do interior. A música autoral pulsa viva mais do que nunca.
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