Teresina foi do metal durante anos. Por aqui vimos nascer e vingar, nos hoje longínquos anos 1980, Megahertz e Avalon, que chegaram inclusive a gravar e ter distribuição pela Cogumelo, selo seminal da cena brasileira, que lançou, entre outros Sepultura e Sarcófago.
Nos anos noventa continuaram a chegar nomes: Monasterium, Demolidor, Scrok (“adotados” da vizinha Timon, no MA), Scud (fundada em Teresina e “transplantada” pro litoral), Into Morphin, Retalhador e uma vasta e fugaz cena BM, cujo maior expoente, de longe, foi a Dark Season.
Eis que o novo milênio trouxe um interesse pela cena dos anos 1980, depois do metal flertar com o gótico, o industrial, o “groove”, percussões e afins.
Algum irmão mais velho, ou mesmo pai, parece ter deixado embaixo da cama discos de Testament e Exodus, sem contar com Nuclear Assault e D. R. I, que tinham lá suas bases bem aditivadas no hardcore.
Daí nomes como Suicidal Angels, Toxic Holocaust e Municipal Waste (lá fora) se tornarem tão populares nos meios especializado, acompanhados dos brasilienses do Violator, os maranhenses do Jack Devil, e bandas piauienses, como a Furit, que chega ao seu segundo trabalho, entitulado “Black Mirror”.
Com nove anos de estrada, a Furit dá seguimento a “The Order Remains the Same”, seu trabalho de estréia, de 2017, numa pegada de thrash metal bem ao gosto da “bay area ”, mas que não impede que por vezes a banda tome um fôlego no death metal mais pesado e técnico da fase mais “prog” do Death em discos como “Symbolic” e “Individual Through Patterns”.
As letras, como indica o título do álbum, versam em torno das relações sociais sob a influência das novas tecnologias e das redes sociais, a ameaça nefasta das fake news, e mesmo teorias econômicas como as do livro “What You See is All That Is”.
A Furit é formada por TK Santos no baixo e voz, Lucas Nannini na bateria e os irmãos Ulisses e Max Mello nas guitarras.