Canções do álbum nasceram quando os dois amigos trilharam juntos o Caminho de Santiago de Compostela
O poeta Flávvio Alves e o compositor Kléber Albuquerque liberaram hoje nas plataformas digitais “Cantigas de Não Chegar”. O álbum saiu pela Sete Sóis, com distribuição digital da Tratore, e conclui o projeto iniciado em 2016, quando os dois amigos trilharam juntos o Caminho de Santiago de Compostela e os versos de Flávvio começaram a fluir e a ganhar forma de música no canto e nos toques do violão de Kléber.
Com uma atmosfera inspirada na sonoridade folk dos anos setenta, misturando influências que vão de Antônio Marcos a Jethro Tull, passando por Violeta Parra com doses extra de psicodelia, o álbum retoma a parceria iniciada com o álbum “Outras Canções de Desvio”. Produzido por Flávvio, Kléber e Ricardo Prado, “Cantigas de Não Chegar” começou a ganhar o mundo durante o período da pandemia, com o lançamento do single “Rabiolas Enfeitam Parabólicas”, que tem a participação especial de Fred Martins (violão), carioca que há alguns anos está radicado em Portugal.
Ao todo são seis poemas de Flávvio Alves musicados e cantados por Kleber Albuquerque, que agora estão juntos no álbum, que chega com o visualizer de “Vasto Vazio”, no youtube.
Faixa a faixa, por Flávvio Alves e Kléber Albuquerque
1. CANTIGA DE NÃO CHEGAR – Uma canção peregrina. Composta em 2016 no Caminho de Santiago de Compostela, é uma guarânia com melodia de sabor antigo e letra introspectiva que fala sobre buscas, caminhos e distâncias. O arranjo mescla acordeon, teclados e guitarra portuguesa para criar uma atmosfera que lembra algo como se Dominguinhos encontrasse Violeta Parra em uma sessão de xamanismo urbano.
Veja o videoclipe: https://youtu.be/IyzatC_1HJI?si=37KylR8eBaigToZT
2. RABIOLAS ENFEITAM PARABÓLICAS – Inspirado nas ideias discordianistas do escritor americano Robert Anton Wilson, a canção traz uma sonoridade que flerta com o cenário folk-psicodélico dos anos setenta, remetendo a referências como Jethro Tull e Cat Stevens. A gravação destaca a participação de Fred Martins ao violão.
Veja o videoclipe: https://youtu.be/JlennfsTdX4?si=kbdQaaqvIwTDf92B
3. ECLIPSE – Uma canção para se ouvir no escuro. Como convém a um blues, fala sobre separações, dores e solidões. Mas não só. Este curto e sinestésico poema de Flávvio, musicado por Kléber, descreve em seus versos aquela sensação quase palpável que alguns momentos possuem, de condensarem em si a presença de uma ausência. Sim, é uma ideia estranha, mas para isso servem os poemas.
Veja o videoclipe: https://youtu.be/1KPMo5aGHZY?si=u5lq6B5i1LxURTX1
4. CABELOS NEGROS – É uma típica canção de desilusão amorosa que se utiliza de subterfúgios poéticos para não esbarrar em um texto por demais confessional. Diante do magnetismo da beleza feminina, ainda que com a antevisão da aludida decepção e mesmo sabendo que é roubada, o poeta rende-se ao ardil da paixão.
5. DOR DE GENTE – A saudade mais uma vez dá o tom nesta parceria, relacionando as dores de amores às dores do corpo. Esta composição surgiu “instantaneamente”: ao folhear os cadernos de poesia de Flávvio, os versos de “Dor de Gente” cristalizaram-se de uma só tacada nesta balada latejante e funkeada de Kléber.
6. VASTO VAZIO – A melancolia tem o costume de render boas canções. Introspectiva e lenta, é uma bossa zen para tempos escuros. Como um koan, aquelas pequenas narrativas budistas que se utilizam de paradoxos para desvendar camadas de realidade, os versos metafísicos de Flávvio funcionam como uma espécie de sismógrafo das sensações subterrâneas, trazendo para o reino da poesia questionamentos sobre o sentimento de insignificância e o esvaziamento das utopias.
Veja o visualizer: https://youtu.be/XWaE8_PArqg