Mato-grossense de coração, autora estreia pelo Selo Auroras da Penalux com “A casa do
posto”
Livro de estreia da jornalista, escritora e comunicadora Larissa Campos, “A casa do posto” reúne contos ficcionais criados a partir das memórias infantis dos quatros anos que a autora viveu com sua família em um posto de combustível na Rodovia dos Imigrantes na década de 1990. Publicada pela Penalux (2022, 138 pág.), a obra faz parte do Selo Auroras, projeto dedicado apenas à literatura produzida por mulheres, e tem a orelha assinada por Dani Costa Russo, jornalista e escritora que faz a curadoria e a edição dos livros do selo. A quarta capa é comentada pela pesquisadora e doutora em Estudos Literários Lívia Bertges.
Além do livro, a autora também lançou um audiodrama homônimo ao seu lançamento impresso. Produzido por Altia Podcasts, oito contos do livro receberam narração dramatizada e estão disponíveis para os ouvintes nas principais plataformas de streamings.
A memória, a infância e a imaginação são os temas principais dessas narrativas que mesclam lembranças pessoais com criação literária, se aproximando do insólito a partir da moradia inusitada, da transitoriedade do fluxo de pessoas presente no universo da beira de estrada, das histórias estranhas ali compartilhadas e do cotidiano de uma família composta também por personagens crianças que crescem nesse cenário repleto de personagens e experiências diferentes.
As principais referências literárias de Larissa Campos são duas autoras que fizeram parte de sua formação como leitora: Lygia Fagundes Telles e Clarice Lispector. Por causa delas, se tornou leitora de contos e, agora, contista. O universo de “A casa do posto”, entretanto, também recebeu influência de três autores argentinos: Silvina Ocampo (“A fúria e outros contos”), Mariana Enriquez (“As coisas que perdemos no fogo”) e Julio Cortázar (conto “Casa Tomada”).
Uma infância no escritório de um posto de rodovia
A memória é uma fonte inesgotável de ideias para essa escritora que nasceu em Manaus em 1987, morou no Rio Grande do Sul na primeira infância, mas se considera mato-grossense de coração. Segundo a autora, desde a adolescência, quando começou a escrever, já pensava em criar a partir dessa vivência de ter os três cômodos do escritório de um posto de rodovia transformado em lar, mas foi no início de 2020, com o falecimento de seu avô Álvaro de Campos, que o desejo se fez matéria como uma forma de lidar com a perda e assim “A casa do posto” começou a tomar forma. O livro é dedicado a ele.
Com a epígrafe de Cortázar dizendo “Gostávamos da casa porque, além de ser espaçosa e antiga (…), guardava as lembranças de nossas bisavós, do avô paterno, de nossos pais e de nossa infância”, a autora reitera que o universo de seu livro de estreia é, antes de tudo, afetivo, ainda que carregado de complexidade.
Além de inspiração, a percepção do tempo se faz presente na construção dessas histórias já que, como Larissa Campos afirma, os personagens dos seus contos também empreendem um mergulho na memória, relembram os tempos em que viveram nesse lar improvisado e as histórias que movimentaram os dias. As pessoas são feitas de histórias e a autora usa isso como subterfúgio de escrita e criação.
Esse interesse da autora em escrever a partir de fatos biográficos se desdobra além de seu primeiro livro: “Recentemente comecei a escrever um romance, projeto que batizei de “Ilha das musas” e que também possui inspiração em um fato familiar”.
“O futuro é uma parada, outro não-lugar, um posto de gasolina na rodovia do ser-tão desconhecido.”
“A casa do posto”, de Larissa Campos (pág.10)
Adquira o livro no site da Editora Penalux aqui.
Para ouvir o audiodrama: