Todo festival grande serve de vitrine para artistas mostrarem seus trabalhos para novos públicos, e o GiraSol não foi diferente. Além das atrações nacionais, num dos melhores lineups visto por estas terras, o festival teve nada menos que mais de 20 atrações locais divididas em dois palcos. Devido a shows simultâneos, ficou complicado acompanhar todos, mas tentei. Tentei…
Sem dúvida alguma, o Festival GiraSol se consolida como um dos maiores festivais do Norte/Nordeste. Atrações de peso e uma estrutura cada vez maior e melhor. O festival cresceu muito em relação à edição do ano passado. Conseguindo trazer grandes nomes da música brasileira em dois dias de muita festa e diversão para um público das mais diferentes idades.
A nossa querida Susy já escreveu sobre o festival com a escrita que somente ela é capaz de nos apresentar. Então, de maneira ousada, venho falar um pouco do que aconteceu nos palcos B-r-o Bró e Quentura.
A primeira banda que consegui ver no festival foi a La Folie. Já acompanho o trabalho da banda desde os primeiros singles, ainda em 2018, mas nunca havia conseguido ver ao vivo essa sonoridade bastante interessante. Infelizmente, o som do palco B-r-o Bró não estava bom, o som não tinha definição, soava tudo meio embolado, mas mesmo assim deu pra sacar que a banda é bem entrosada e fez uma apresentação bem animada, apesar do horário e público não serem dos melhores. Preciso ver um show completo da La folie.
Roque Moreira e Tupi Machine subiram ao palco no mesmo horário. Optei em ver a apresentação da Tupi Machine no palco Quentura, uma vez que o Roque Moreira dispensa apresentações, e certamente botou o público pra dançar e cantar com seu som inconfundível. A Tupi Machine possui uma mistura de tecnologia urbana contemporânea com ancestralidade, fundindo beats, guitarras e scratch.
De cara foi possível perceber que o som do palco Quentura estava muito melhor que do palco B-r-o Bró, uma pena não ter o mesmo público, uma vez que era bastante afastado do palco principal. Mas a Tupi Machine não tem nada com isso e mandou seu recado. Um das melhores apresentações que vi nessa edição do GiraSol.
O cantor parnaibano pegou um público bastante empolgado logo após o show da Pitty e não deixou a animação cair. Sucesso atrás de sucesso, com direito a um coro enorme gritando: “beijou a minha boca como se quisesse arrancar meu coração“, em Beijo e Cacos. E o som continuava ruim do mesmo jeito, infelizmente.
A banda mais pesada do festival mostrou porque é um dos destaques da cena local. A Corona Nimbus em poucos minutos mostrou um pouco de seus dois discos, o homônimo e o Obsidian Dome, infelizmente atrasos ocorridos durante apresentações anteriores limitou o tempo das bandas locais, inclusive gerando várias reclamações quanto ao tempo de apresentação da banda Cochá no palco Quentura.
A primeira atração local que consegui ver no segundo dia do festival foi o Yuri. Um som pop sem muita novidade. Não pareceu uma opção adequada para um festival. Apesar da empolgação no palco, não foi uma apresentação que me pegou.
Com uma ótima banda, Ostiga e seu velho e bom rock’n’roll fizeram o público cantar seus dois singles lançados recentemente, mas já bastante conhecidos do público, “O Pecado Original” e “Teresina Capital do Mundo. A apresentação contou com participação de Teófilo, e levou o público a se dividir em dois coros, um com o refrão de “O Pecado Original” e outro entoando o refrão de “Pedra do Sal” do cantor parnaibano.
Ainda atônito após o show monstruoso de Ney Matogrosso, apenas me virei para ver a Validuaté tocar seus sucessos e ser acompanhando em uníssono pelo grande público que a acompanhava. infelizmente, o som continuava a ser um problema. Mas a essa altura quem ligava para isso?
Se o palco B-r-o Bró já era caótico com o seu som, o Narguilé Hidromecânico acabou logo com tudo. Apresentação catártica e em alta voltagem do começo ao fim, e como é lindo ver o público cantando junto as músicas de uma banda local. No meio da apresentação corri até o palco Quentura para ver um pouco da sua última atração.
A diferença de qualidade do som entre os dois palcos era gritante. A Bia e os Becks fazia seu público, pequeno, mas fiel, dançar e cantar os sucessos do seu último disco, “Universo Quenga”, além de seu último single, “Amor e Fuleragem”. Para quem presenciou a apresentação da banda na edição passada do festival, uma das melhores daquela edição, não entendeu bem eles tocarem num palco tão distante. Nessa hora entendi o desabafo de algumas pessoas reclamando de bandas locais “tocando na praça de alimentação”.
Como afirmei anteriormente, O Festival GiraSol 2023 cresceu muito e deu mais espaço para as atrações locais apresentarem seus trabalhos. Infelizmente, devido a toda a logística do Festival, foi preciso dividir para crescer, colocando bandas em shows simultâneos, levando as bandas do palco Quentura a ter um público menor devido à distância do palco principal, mas sem dúvida uma excelente oportunidade de mostrar seu trabalho para um público que ainda não o conhecia.
Aguardemos a edição 2024.