Torto é uma iniciativa sonora que busca entender um pouco mais sobre o processo de criação do inconsciente. Fruto de uma reaproximação com a música após muitos anos, o designer pernambucano Leandro Lima criou o projeto em 2017. Em 2018 apresentou o primeiro álbum homônimo, todo instrumental e com sete faixas que permeiam principalmente o post-rock. O trabalho foi resgatado para todos os streams pelo selo Hominis Canidae REC em 2020.
Agora, o Torto apresenta “Expediente”, segundo álbum do projeto, também com 7 faixas, mas ampliando a gama de sonoridades abarcadas na construção das músicas. Ainda instrumental, neste álbum além do rock instrumental, vários elementos e sonoridades eletrônicas aparecem entre as faixas. “O álbum tem esse nome porque os experimentos sonoros foram criados durante o horário de trabalho, algumas vezes dá pra escutar as pessoas falando no fundo”, explica Leandro. “Minha rotina permite alguns momentos livres, em meio aos processos em que o computador está executando alguma função. Nesse meio tempo, aproveitei os programas disponíveis para experimentar e criar as faixas. Não contem pro meu chefe“, comenta e brinca o artista.
Divisão social gerada pela alienação da venda de esforços (para alguns) em troca de pseudo-satisfação posterior (para outros). Seja material ou divino, tudo é simbólico. Lançado inicialmente no primeiro semestre de 2020, o álbum foi todo remasterizado e até retrabalhado para o lançamento nos streams pelo selo Hominis Canidae REC agora. “Os temas, associado as canções, refletem as conversas, leituras e percepções que estavam ocorrendo por ali naquele entorno, no meu dia a dia e nos trajetos de ida e volta”, comenta Leandro Lima.
‘Acordo e quando vejo já passou o dia inteiro’ reflete sobre o fato de que passamos as horas mais produtivas do dia, trabalhando. ‘Dia arrastado é assim mesmo’ considera a tristeza que bate depois do almoço e a volta pro trabalho depois. ‘Barra circular tem em todo lugar’ brinca com o fato dessa famosa “bicicleta popular” estar sempre cruzando nossos caminhos . O trabalho segue com faixas que flertam com temas e sonoridades indígenas (como ‘Kuarup’), jazz, rock instrumental e beats experimentais trazidos de estilos linkados à música eletrônica.