Resenha – Delírios: vozes de amores (não) vividos

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Quando recebi o livro Delírios: vozes de amores (não) vividos da autora Raisa Santos havia uma marcação e um recado “se quiser ler apenas um, leia este”, ela havia indicado a leitura de um dos seus contos, lá no final do livro. O conto? Ah, era “Elisa. Ex dona Elisa.” o penúltimo conto do seu livro de estreia. 

Agora o dilema, eu não conseguiria ler apenas esse. Teria que seguir o ritual de ler os contos na ordem em que são apresentados. Então, deixei a Elisa. Ex dona Elisa para quando realmente chegasse a sua hora. 

Livro com a marcação que a autora deixou. =)

Raisa Santos considera-se escritora desde os 10 anos de idade, mas só agora nos prestigia com uma obra sua. Delírios: vozes de amores (não) vividos seu livro de estreia, possui seis contos, e foi lançado em 2023 pela Paraquedas.  

No primeiro conto, ela nos trata de um momento do nosso passado recente: a pandemia. A personagem do conto 30 segundos precisa ir ao hospital depois de cortar o braço numa queda no banheiro. Até aí tudo bem, não fosse estar no auge da pandemia, em que sair de casa, principalmente ir ao hospital, é a última coisa que uma pessoa quer nesse momento. O resto é história. 

Em O software, diria que um conto de ficção científica, um casal começa a se relacionar através de um artefato virtual, porém, quando conseguem se relacionar no mundo real, a sensação não é a mesma. Será que o mesmo acontece com casais que investem no webnamoro

Carnavais é o maior conto do livro. Nele, três casais viajam para aproveitar o carnaval. Em meio a ciúmes, desconfianças, transfobia, amores do passado, o conto tem um ritmo acelerado, com uma sequência bem movimentada de acontecimentos. Aqui deixo uma ressalva, o conto flui muito bem, porém, achei muita informação para ser apenas um conto, será que não funcionaria melhor se fosse uma novela?  

A autora, Raisa Santos. Foto: Divulgação.

Migalhas e Elisa. Ex dona Elisa, contos que de certa forma se casam. No primeiro, uma mulher recebe migalhas de um padeiro, e cria todo um mundo a partir disso. Acha que as migalhas são pães, se contenta com isso, e isso, passa a ser o seu mundo. Até que alguém ajuda ela a enxergar a prateleira dos pães por outro ângulo. E a Elisa? Bom, a Elise (ex dona Elisa) no auge dos seus 76 anos, decide sair pelada. Ou, metaforicamente, ela decide se despir de roupas, amarras que foram colocadas nela ao longo dos anos. Com filhos criados, viúva, algumas obrigações já não eram tantas obrigações assim, ela então se ver livre para ser quem realmente é. Os dois contos se entrelaçam quando abordam amor-próprio e empoderamento de suas personagens. O último conto O fim encerra a obra de estreia da autora. Seria um sonho ou um delírio?  

Delírios: vozes de amores (não) vividos nos revela a marca de Raisa Santos, uma escrita viva, sagaz, pulsante. Ela soube captar, mostrar, o que propôs no título da obra:  delírio que há nas vozes de amores vividos e não vividos.

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