Resenha — Talvez este não seja o meu ano

Livros

O ano de 2020 nos marcou de várias formas, seja individual ou coletivamente. Para Jules de Faria, ele foi atravessado não só pela pandemia, como também por uma perda gestacional, o que a levou a refletir sobre seu presente, passado e futuro. Foi na escrita que a escritora e poeta encontrou um meio de dar contorno ao novo fluxo da vida, e desse novo fluxo saiu a matéria das poesias que resultariam no “Talvez este não seja o meu ano” (56 páginas), que saiu em 2023 pela editora Paraquedas. 

Não é muito fácil admitir que este não seja o nosso ano, ou que determinadas coisas não sejam para nós, mas é isso que ela nos traz. Como diz na orelha do livro, os poemas “[…] criam a sensação quase palpável de que o presente pode ser profundamente modificado pelas palavras”.   

Jules também trata de imposições feitas pela sociedade, de como se libertar delas, nos fala da nossa incompletude, ou aceitação, apesar de incompletos. Fala que talvez nos calar seja até melhor, afinal, tem tanta gente dando opinião. 

à esquerda, Jules de Faria. à direita, foto do livro.

“Me lembrar  

Da sensação primitiva 

Libertadora 

Catártica até 

De dizer: 

— Não sei” 

“Talvez este não seja o meu ano” é leve, fluido, porém, impactante, a autora nos dá um tapa com luva de pelica. Outra coisa a ser conferida é a diagramação do livro, feito por do Gustavo Piqueira e da Samia Jacintho (Casa Rex), possui colagens belíssimas que vão nos acompanhando na jornada da Jules. É um livro de tamanho pequeno, porém grande no seu recado, que nos diz que apesar de tudo é preciso continuar. 

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *