Adejo – Sergia A.

Livros

SEM ESTAÇÃO

Arde o tempo lá fora

Aqui dentro flora

(Sergia A)

Podem emergir várias leituras de Adejo. Percebe-se que a face poética de Sergia A. é resultado de longas observações do mundo através da sua janela (?), forjado no seu aspecto sensorial e reflexivo, passando por experiências pessoais e seu desassossego (seu sentimento do mundo?) com o mundo contemporâneo.

Adejo [poemas] (Venas Abiertas, 2019) transitou pouco no meio literário teresinense no ano de seu lançamento, com promessa de ganhar um voo maior em 2020 e foi barrado pela pandemia, infelizmente. Todos esses fatores não tiraram seu brilho e reconhecimento. Ele faz parte da Coleção I – Mulherio das Letras, que conta com 20 autoras do Brasil e do exterior e foi finalista do Prêmio Jabuti, na categoria “Inovação: fomento à leitura”. Infelizmente não foi premiado, mas ficou entre os 10 finalistas, um resultado significativo, em se tratando de publicação independente, reafirmando a força dos coletivos.

Sergia A. no lançamento do livro Adejo (janeiro/2020). Foto: Sebo Papiro

Seus poemas breves e haikais mostram que a autora consegue se sair bem tanto na prosa quanto na poesia. Em Quanto Contos (Quimera, 2018), seu livro de estreia, deixa transparecer uma escritora preocupada em construir um livro rico, cheio de elementos que ficam implícitos nas entrelinhas, garantindo uma história envolvente. Em Adejo não poderia ser diferente. Encontramos os ideais que a norteiam, como no poema Feminino: “caldeira, vassoura/  sentimento do infinito/ vivo, no vapor” – remetendo claramente às bruxas e seus caldeirões, ou, num sentindo metafórico, às mulheres e o que elas representam. Faz, também, uma linda referência ao poema Canção do Exílio; fala da América Latina, do que observa da sua janela, da solidão e seu deserto. Mas nada se compara à riqueza dos seus haikais escritos de forma majestosa, obedecendo às regras que exigem como em O rio: “um rio corta, sereno/ a agitação da cidade/ em suas águas remo”.

Corroborando o nome do livro, o poema Voar encerra lindamente nossa passagem pelo livro: “verbo regular/ ampla transitividade/ só para quem sabe namorar/ o vento”.

Assim, como um adejo, que essa obra de Sergia A. consiga manter seu voo, alcançando lugares inimagináveis.

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