Quando “Uburu” foi lançado, março de 2021, eu o ouvi rapidamente, e devido aos contratempos diários não dei tanta atenção. Fiquei de ouvir depois e o tempo foi passando. Tudo mudou quando encontrei com o Pedro Ben no rolê Beira de Rio e ele me deu um CD, isso mesmo, aquela coisa que os antepassados usavam para ouvir música.
Dei play na volta para casa e o CD nunca mais saiu do som do carro. É viciante!
Onun é um projeto do Pedro Ben e Joniel Veras, duas mentes das mais criativas. O resultado não poderia ser outro.
“Uburu” é o segundo trabalho da dupla, que já lançou um EP homônimo em 2017.
O disco traz uma mistura de ritmos e sons, passeando pelo afoxé, samba, mpb, axé, com letras poéticas e melodias simples e belas, que grudam no ouvido.
O disco não tem bateria, apenas uma percussão impecável, obra do Lucas Rolim, que também participa dos arranjos e composições. E essa ideia de não ter bateria certamente foi uma escolha estética. Acertaram em cheio.
Além do Lucas Rolim, o disco conta com várias participações, Assis Bezerra fazendo guitarra baiana e cavaco em algumas faixas; João Paulo e DiMota dividindo os baixos; Leo Mesquita no pífano e W. Khoala na flauta transversal.
“Uburu” contou também com a produção executiva da Fernanda Paz, Pedro Ben na produção musical, Jan Pablo na masterização e projeto gráfico do Lucas Rolim e Joniel Veras. E é mais um lançamento do Quarto Dimensões.
Além de belo, poético, melódico e muito bem produzido, o disco é humano. Humano em sua essência, quando reconhece a nossa fragilidade, quando expõe nossos desejos e medos, quando respira esperança, ou quando um acorde não tão bem executado é perceptível. Uma obra sensível e necessária nestes tempos sombrios em que nos encontramos.
Não perca tempo como eu, ouça “Uburu” e deixe-se levar.
*Rubens Lerneh