O quinteto sergipano A Banda dos Corações Partidos desconstrói e dilacera o amor no segundo disco ‘Canções de Ódio, Ressentimento e Abandono’. O título forte, desconfortável para alguns, escancara em sons e palavras as muitas possibilidades do amor visceral, aquele amor íntimo, profundo e desnudo, apartado da aura romântica enquanto um fetiche da sociedade patriarcal.
O álbum possui 12 canções plurais em que a Corações explora distintas sonoridades, intensidades e, sim, teatralidades. Trata-se de uma coleção de músicas que ora é pesado com distorções, ora cadenciado por brasilidades, mas sempre conduzidos pelo vocal impactante e versátil de Diane Veloso. É um disco de indie rock, mas também é, no mesmo espaço e tempo, de música brasileira.
Diane interpreta e sente cada palavra proferida. Ela sente na carne, mesmo, para cantar. Traz dinâmicas melódica e suaves em algumas músicas e traz potência e provocações em outras.
‘Canções De Ódio, Ressentimento e Abandono’ foi produzido por músicos experientes da música de Aracaju: Leo Airplane (produtor do The Baggios, por exemplo), que também toca teclado, piano, synth, samples e loops na Corações, e Alex Sant’Anna, outro pilar robusto da cena local, seja no palco na sua carreira solo como nas produções e parcerias com outros artistas sergipanos.
A capa do disco, de Vanessa Passos, carrega um pouco do que a Corações oferece por meio da música. A artista partiu da visceralidade explícita em ‘Canções De Ódio, Ressentimento e Abandono’ por meio de sobreposições de ilustrações e projeções de corpos.
Segundo Vanessa, a arte reflete sobre o sentimento impregnado na carne que desestabiliza o coração e o faz pulsar e funcionar sem uma lógica – amar é liberdade, como prega a banda.