Mulato mistura suas memórias às paisagens sonoras de São Paulo em “Criatura”

Música

Em EP auto produzido, o artista mergulha na primeira infância, sons e ritmos da metrópole paulista

Matheus Antonio é um produtor, cantor-compositor, artista visual e educador que nasceu em São Paulo, mas desde os 5 anos de idade vive em Jandira, cidade do interior de São Paulo. Após estudar violão e guitarra desde a adolescência, ele se lançou como artista aos 19 anos com a alcunha de Theuzitz. Entre 2016 e 2020 foram 3 álbuns e algumas participações em coletâneas, sempre experimentando muito e partindo do Lo-Fi agregando ritmos como folk, rock, hip hop e manifestações musicais brasileiras, como o samba e o funk. Nesse período, ele morava na capital paulista, onde estudava artes visuais e chamou a atenção da imprensa local e nacional, de selos e do público do indie brasileiro.

Após o fim do curso, retornou a Jandira, atuando como produtor de outros artistas e renascendo artisticamente em 2022, desta vez sobre a alcunha de Mulato, quando lançou um single em parceria com a banda Salve.“O aprofundamento dos meus processos pessoais e a relação com a cultura brasileira foram alguns dos motivos para a mudança do vulgo Theuzitz, para Mulato”, comenta Matheus. Como Mulato, ele compõe a respeito de temas de natureza mais introspectiva e vem desenvolvendo um repertório baseado na relação entre suas subjetividades e as sonoridades urbanas de São Paulo.

Assim nasce “Criatura”, primeiro EP dessa nova etapa, com 4 faixas todas pensadas, produzidas e gravadas pelo artista. “Eu acredito que esse EP representa a essência do que eu sempre cultivei aqui em Jandira“, comenta.  O trabalho foi feito entre julho e outubro de 2024. Mulato gravou todos os instrumentos de corda do trabalho, menos os baixos, gravados por músicos convidados,  e a bateria por Pedro Millecco, antigo colaborador.  “Foi um mergulho na minha natureza e na selvageria do meu inconsciente, nesse lugar da primeira infância, sem tantos filtros”, complementa Matheus.

O trabalho começa com “Tatuagem de Cobra”, uma canção que fala sobre esse momento de reflexão e volta pra casa e o ritmo da metrópole que sugestiona desejos e impõe obrigações. “Desenho Cego” tem uma melodia lúdica que fala sobre os caminhos da vida que nós não conseguimos controlar. “Terry Bogard” ffala sobre a revelação de uma paixão homoafetiva avassaladora, que deixa o personagem confuso em relação aos seus sentimentos e a sua criação heteronormativa. “Bizarro!!!” Apresenta um trem de pensamentos, coloridos por samples das linhas de trem de São Paulo, numa narrativa coletiva funkeada e psicodélica.

Com relação a sonoridade,o trabalho é fruto da cultura musical e de mídia dos anos 1990 e 2000 do Brasil e fora dele, porém expande essas manifestações de forma mais livre, como a “criatura” Matheus se lembra de como foi ter escutado algumas músicas especiais pela primeira vez na infância. “São os lugares por onde eu passei, as gravações que eu fiz, são conceitos de música que não passam só pelo formato comum de canção popular. É um trabalho sobre a minha identidade e a minha formação, não só enquanto músico, compositor e produtor, mas como pessoa”, finaliza Mulato.

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