Uns dias atrás, pesquisando qualquer aleatoriedade no Google, me deparei com a informação de que o Menudo tinha tido mais de 30 integrantes em sua história e fiquei muito intrigada. Do pouco que eu sabia da banda, só me lembrava da formação com 05 deles e conhecer mesmo só posso dizer que conheço o Ricky Martin.
Como fã de música, de boy bands e de uma boa fofoca, tratei de fuçar tudo que pude sobre o assunto na internet. Nessa busca apareceu o documentário Menudos: sempre jovens que já tinha passado antes pelas minhas vistas, mas não chegou a entrar na lista pra assistir dos meus streamings.
Não demorou nada para virar uma obsessão e logo eu estava mergulhada na trajetória desses meninos de Porto Rico, que ganharam o mundo entre as décadas de 1970 e 1990, ultrapassando até as fronteiras do mercado norte-americano. Uma proeza difícil de alcançar até hoje.
Dirigido pelo cineasta porto-riquenho Angel Manuel Soto, o documentário estreou ano passado e está disponível na HBO max. São 04 episódios de pouco mais de 40 minutos que revelam a atmosfera pop da América Latina naqueles anos e também contam os horrores que aconteciam na vida dos jovens artistas do Menudos.
E quando digo jovens eram jovens mesmo, viu! Sempre que completavam 16 anos, os meninos eram substituídos por outros ainda mais jovens. Dessa forma, a formação musical nunca envelhecia. O que poderia parecer somente flores, glamour, fama e dinheiro – numa primeira observação, na verdade, escondia um esquema doentio de abuso: jornadas inacreditáveis de trabalho, assédio moral e até estupro.
Essas revelações não são exatamente uma novidade. Em 2014, o ex-integrante Roy Rosselló falou abertamente em programas da Rede Record sobre o abuso sexual que sofreu quando fazia parte da banda.
O que realmente chama a nossa atenção no documentário é a quantidade de ex-membros do grupo que resolveram se pronunciar sobre esses bastidores – só Ricky Martin e Robby Rosa não toparam. Do lado de lá das turnês muita coisa aconteceu e impressiona o fato do empresário Edgardo Diaz ter conseguido se safar todos esses anos.
A certeza da impunidade com certeza contribuiu para que ele permanecesse agindo igual com as diversas gerações da banda, que fizeram muito dinheiro e deixaram Edgardo cada vez mais poderoso dentro e fora do Menudos.
É possível que você passe raiva assistindo? Sim. Mas, também vai compreender um pouco o funcionamento da cabeça de um cara desses. Além de ter uma perspectiva sobre o que um figurão do mercado musical pode fazer com um grupo de crianças desamparadas em troca de poder.
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