Como ressignificar um mundo imerso em máscaras sociais? Fundadora e ex-presidente Think Olga explora a sensibilidade como resistência em livro de poesia

Livros

Com publicação pela Editora Paraquedas, “Talvez este não seja o meu ano”, de Jules de Faria,
propõe o resgate à sensibilidade como resistência.

No ano de 2020, marcado pela desesperança tanto de uma pandemia global quanto do governo
violento de Jair Bolsonaro, a jornalista, escritora e fundadora do Think Olga (uma das ONG de
direito das mulheres de maior relevância do cenário nacional) Jules de Faria (@ju_faria), se viu
profundamente abalada por uma perda gestacional avançada. Nesse momento de dor, ela
passou a refletir e questionar sua própria jornada, suas prioridades e as escolhas que havia feito
até então, tendo inclusive abandonado sua posição como presidente da organização.


Diante dessas e de outras perdas, Jules conta que a escrita aparece como uma forma de
retomar a fluxo contínuo e a fluidez de sua vida, instigando os primeiros movimentos do que
viria a se tornar “Talvez este não seja o meu ano” (56 páginas), seu novo livro de poesia com
publicação pela Paraquedas, selo de publicação assistida da Editora Claraboia.

A força criativa dessa produção se tornou tão intensa que a autora comenta que no início do
semestre passado, foi tomada por um momento de criatividade intensa, escrevendo poesias
nas madrugadas. “Não conseguia entender exatamente de onde essa inspiração vinha, mas
meus dedos dançavam furiosamente sobre o teclado, trazendo à vida as palavras que estavam
dentro de mim. As lembranças dessas noites são como uma névoa, mas elas são o alicerce de
tudo o que este livro representa”, frisa.

Jules de Faria – Divulgação

Em “Talvez este não seja o meu ano”, a autora busca conciliar duas realidades: a do mundo
concreto, em que somos engolidos por expectativas e máscaras sociais que nem sempre nos
representam; e a do mundo dos sonhos e da sensibilidade, onde podemos resgatar a nossa
essência e sermos atravessados por transformações. Segundo ela, trata-se de um processo
curativo, em que pôde também elaborar muitos fins, como a perda gestacional, o falecimento
de sua avó e, claro, a saída do Think Olga. “Abandonar um espaço de muita clareza e contorno nos dá a sensação de falha, insucesso. E abdicar dessa necessidade de sucesso e admitir que
‘este não é meu ano’ foi muito, muito poderoso para minha jornada de liberdade”, conta.

Os poemas do livro se destacam pelo tom fluido, leve, que relembra o mantra, mas que trazem
uma escrita visceral. “Talvez este não seja o meu ano” coloca o leitor de frente com o coração
aberto de Jules acerca de suas questões, bem como por colagens que evocam elementos
corpóreos e figuras femininas, ressaltando a intimidade que a obra convoca.

Confira trecho do livro:

Talvez este não seja o meu ano
Mas a vida é maré
Que o barquinho não escolhe navegar
Vou sempre me lembrar de quem
Parou pra ajudar
A consertar o farol
Daqueles que passaram
Pela criatividade moribunda
E preferiram seguir vagalumes

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Adquira “Talvez este não seja o meu ano” no site da Editora Claraboia:
https://www.lojadaclara.com.br/talvez-este-nao-seja-o-meu-ano-jules-de-faria

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